PAWN SACRIFICE (O dono do jogo)
Por Cesar Heitor
BOBBY FISCHER E A SOLIDÃO DOS GÊNIOS
Talvez o que mais tenha gostado em PAWN SACRIFICE
(literalmente, o peão do sacrifício, uma técnica que se emprega no xadrez para
enganar o adversário e ganhar o jogo) que no Brasil virou O DONO DO JOGO seja a
maneira de narrar o filme.
O estilo documentário que não é exatamente uma técnica
nova dá uma agradável sensação de credibilidade quando bem utilizado. De cabeça,
como exemplos, ocorrem-me IL CASO MATTEI (1972) e SCHINDLER’S LIST (1993).
Outra virtude do filme é que pode ser perfeitamente
entendido por quem não joga xadrez ou se interessa pelo jogo.
A
história do campeão mundial de xadrez de 1972 é para lá de interessante.
Logo no
começo do filme, encontramos a criança FISCHER sentado na cama jogando xadrez.
Quem joga esse jogo sabe que é perfeitamente possível jogar consigo mesmo, de
cabeça, tramando as jogadas. Mas, isso ocorre entre adultos. BOBBY criança já o
fiz sentadinho em sua cama.
Sua
amorosa mãe com quem terá problemas de relacionamento (“Where is my father?) é
russa de origem e um bocado liberal em se tratando de sua própria vida pessoal.
Isso não parece agradar a FISCHER que reclama do barulho que ela faz com os
amantes.
Desde aí
o filme mostra a importância que o silêncio adquirirá para FISCHER, informação
que as pessoas que precisam de silêncio para se concentrar (também sou assim)
entenderão perfeitamente.
É que o drama humano (mental) da personagem não é
esquecido momento algum por EDWARD ZWICK, o diretor, ainda que fosse possível
esperar mais clareza técnica no diagnóstico de FISCHER que o filme,
delicadamente, tem o cuidado de não transformar em um paciente.
A atuação de TOBEY MAGUIRE (PETER PARK em SPIDER-MAN,
2002) é impecável. O ator que esteve ótimo como o vizinho NICK de JAY GATSBY (LEONARDO
DI CAPRIO) em THE GREAT GATSBY (2013) tem agora uma ótima oportunidade para
desenvolver melhor sua veia dramática. É, sem dúvida, um grande ator,
completamente diferente nos três filmes nos quais atuou, aqui citados.
Só por isso já vale a pena ver o filme.
No fim, como em GATSBY, resta a solidão. Este dava
festas; FISCHER jogava xadrez. Ambos tinham objetivos e os alcançaram. Mas,
nenhum deles obtiveram as respostas que queriam.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama
Direção: Edward Zwick
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Aiden Lovekamp, Alexandre Gorchkov, Bobo Vian,
Brett Watson, Conrad Pla, Edward Zinoviev, Evelyne Brochu, Igor Ovadis, Joe
Cobden, Katie Nolan, Liev Schreiber, Lily Rabe, Michael Stuhlbarg, Peter
Sarsgaard, Robin Weigert, Seamus Davey-Fitzpatrick, Shawn Campbell, Sophie
Nélisse, Tobey Maguire, Vitali Makarov
Produção:
Edward Zwick, Gail Katz, Tobey Maguire
Fotografia: Bradford Young
Montador: Steven Rosenblum
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