Filme A balada do soldado

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MEU PRIMEIRO FILME DE AMOR
Cesar Heitor
Confesso que foi grande expectativa que naveguei pela Internet para conhecer o OLDFLIX (A NETFLIX dos clássicos) e fiquei procurando como uma criança faminta por doces na barra de pesquisas do site os filmes da minha vida dos quais fui me lembrando.
Não, não encontrei A BALADA DO SOLDADO.
Então assisti O PLANETA DOS MACACOS (o primeiro, de 1970) rindo de minhas próprias lembranças de uma época em que tudo me impressionava, inclusive os macacos do filme, até hoje uma caracterização impecável e insuperável na técnica de exibir máscaras com expressão facial impressionante.

Mas, o clássico filme russo de 1959, A BALADA DO SOLDADO, assistira antes, ainda menino, de férias em Cambuquira, talvez uns poucos anos depois do lançamento do filme, não sei ao certo.
O que sei é que jamais o esqueci e perdi as contas das vezes que tentei revê-lo sem sucesso. 
A sinopse é simples e bela: Em plena II guerra, o jovem soldado Alyosha Skvortsov (Vladimir Ivashov) que ao destruir dois tanques alemães ganha uma medalha, pede para visitar sua mãe. No trem no qual procura ir encontrará a clandestina Shura (Zhanna Prokhorenko, 1940-2011) que desafia seu senso de cumprimento do dever e por quem, evidentemente se apaixona.
O natural envolvimento dos dois, a passagem da hostilidade para o amor, mexeu comigo de uma tal maneira que jamais esqueci do filme.
Na tela, Shura parecia a mulher mais bonita do mundo, uma espécie de deusa inalcançável. 
Sem compreender meus próprios sentimentos, chorei. 
Interessante que o filme não é colorido e, essa sensação de estar na tela do cinema diante da mulher mais bonita do mundo, só fui experimentar em outro filme tampouco colorido, muitos anos depois, vendo Ingrid Bergman representar Ilsa Lund Laszlo em Casablanca.
Aqui, no entanto, já um jovem adulto, chorava com outros olhos. 
BALLADA O SOLDATE (é o título em russo) ganhou o BAFTA em 1962, foi indicado à Palma de Ouro em Cannes e nomeado para o Oscar de 1962 como melhor roteiro original de 1961.
Mas não são os prêmios nem o reconhecimento da crítica que fazem um bom filme.
O que faz um bom filme é ele continuar passando dentro da gente, a permanência positiva de sua exibição.
Está em cartaz no meu coração há mais de 50 anos. 
Hoje me dou conta de que ao assistir, A BALADA DO SOLDADO, eu mesmo descobria o amor e a mulher como alguém que, para mim, era e é sua destinatária natural.
Na vida real, Zhanna – ucraniana de nascimento - entrou em depressão após o assassinato de seu segundo marido, o escritor Artur Makarov em 1995, recolhendo-se a uma cidadezinha longe de Moscou a qual voltou para morrer em um hospital em 2011.
É uma das pessoas que pretendo encontrar no céu e agradecer tudo que seu olhar fez por mim.

BALLADA O SOLDATE (A BALADA DO SOLDADO), 1959.

Direção: Grigori Chukhrai (1921-2001) 
Elenco:
Vladimir Ivashov — soldado Aliosha Skvortsov
Zhanna Prokhorenko — Shura
Antonina Maksimova — A mãe
Yevgueni Urbanski — Vasya
Nikolai Kryuchkov — o general
Marina Kremnyova — Zoya
Vladimir Kashpur — marido de Zoya

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